O Brasil é um dos países no mundo com maior potencial para desenvolver o hidrogênio verde, se conseguir estabelecer um marco regulatório à altura desse potencial. Essa foi a conclusão da audiência pública promovida nesta segunda-feira (26) pela Comissão Especial do Hidrogênio Verde (CEHV) no Ceará, no auditório do Porto de Pecém. O presidente da comissão, senador Cid Gomes (PDT-CE), garantiu que o foco é trabalhar para que o marco regulatório possa ser aprovado já em 2024, colocando o Brasil, e especialmente a Região Nordeste, na vanguarda do desenvolvimento da nova tecnologia.
— Temos a intransferível função de determinarmos uma legislação pioneira no mundo. O hidrogênio verde é um tema novo, nenhum país ainda tem um marco regulatório. A Europa, por exemplo, ainda trabalha nesta regulação. Temos conversado com os Ministérios de Minas e Energia, da Indústria e Comércio, do Meio Ambiente e da Fazenda, além da Embrapa. O Nordeste, e especialmente o Ceará, tem a expectativa de novas oportunidades através do hidrogênio verde, e vamos trabalhar numa legislação que incentive e dê segurança jurídica aos investidores — anunciou Cid Gomes.
Mais barato
O presidente do Porto de Pecém, Hugo Figueiredo, anunciou — numa estratégia que inclui a parceria já estabelecida com o porto de Rotterdam (Holanda) — tornar o complexo industrial um polo de produção e exportação de hidrogênio verde, sem esquecer o mercado interno.
Figueiredo citou estudos de grandes consultorias internacionais, como Bloomberg e McKinsey, dando conta que o Nordeste, e especialmente o Ceará, tem potencial de produzir o hidrogênio verde mais barato do mundo, abaixo de US$ 1 dólar por quilo. Isso se dá graças ao abundante potencial da região, que pode ser aproveitado na implantação de sistemas de energias renováveis.
— Recebemos em maio o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, e assinamos o acordo do corredor verde entre os portos de Pecém e Rotterdam. A expectativa é que, já em 2030, 25% do hidrogênio verde que entra na Europa, seja produzido aqui em Pecém. Será mais de 1 milhão de toneladas por ano, com expectativa de crescimento para os anos seguintes — comemorou Figueiredo.
A professora Carla de Andrade, do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Ceará (UFC), acredita que um marco regulatório bem desenhado, combinado com políticas públicas estaduais e federal de aproveitamento do potencial de energia solar e eólica, podem ser decisivos na geração de empregos e renda ligados à cadeia do hidrogênio verde. E isso em diversas regiões do país, com destaque para o Nordeste.
— Precisamos de uma estratégia governamental específica para o hidrogênio verde, que norteie e coordene iniciativas, para que o avanço do mercado não fique limitado a projetos de menor escala. A ampliação dessa infraestrutura permite um maior ganho de escala, quando comparado às alternativas convencionais. E o uso do hidrogênio permite a descarbonização de setores como transportes, indústria química, residencial, assim como a geração de matéria-prima limpa para a indústria, como no setor de siderurgia — concluiu a especialista.
Fonte: Agência Senado
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