Países formam "troika" de nações ligadas à Cúpula do Clima, com objetivo de liderar negociações iniciadas em Dubai que seguirão na COP29 em Baku e devem se estender até o encontro em Belém, em 2025
Emirados Árabes, país sede da última COP, Azerbaijão, sede do encontro deste ano, e Brasil, que receberá a cúpula do clima em 2025, se uniram simbolicamente em nome de esforços para manter viva a meta de segurar o aquecimento global em 1,5ºC até a metade deste século.
O anúncio foi formalizado pelo presidente da COP28, sultão Al Jaber, que afirmou que o mundo não pode mais “se dar ao luxo” de perder o momento de engajamento em torno da causa climática, informou a rede Al Jazeera. O grupo de países foi apelidado de “troika”, termo usado para um trio de gestores.
"A troika concretizará o Consenso dos Emirados, fazendo a conexão entre meios de implementação e modelos de desenvolvimento cada vez mais resilientes e de baixo carbono", disse Ana Toni, secretária nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, que representou o Brasil na reunião nesta terça-feira (12).
A ministra Marina Silva participou com um discurso gravado, afirmando que “cabe a nós conectar os recursos para acelerar ação e ambição em compromissos climáticos. É preciso alinhar ao máximo as NDCs [metas de cada país, seguindo definições do Acordo de Paris] existentes ao objetivo de 1,5ºC, e apoiá-las com financiamento ambicioso, que nos leve a zerar as emissões líquidas até 2050".
Tempestades, secas e incêndios atingiram o planeta à medida que as alterações climáticas causadas pela atividade humana, bem como o fenômeno climático El Nino, que aquece as águas superficiais no leste do Oceano Pacífico, fizeram de 2023 o ano mais quente do planeta desde 1850, ano que define o início da era industrial.
Tendo em conta os atuais compromissos climáticos, o mundo ainda está no bom caminho para aquecer entre 2,5ºC e 2,9ºC ao longo deste século, de acordo com estimativas da ONU.
“A troika ajuda a garantir que temos a colaboração e a continuidade necessárias para manter o norte de 1,5ºC à vista – de Baku a Belém e mais além”, afirmou Al Jaber, em comunicado.
A cúpula do clima deste ano, no Azerbaijão, deve ter como foco principal a definição de linhas de financiamento e apoio de países desenvolvidos às não subdesenvolvidas e em desenvolvimento, para acelerar investimento em infraestrutura necessários para a transição energética, seguindo a rota de abandonar o uso de combustíveis fósseis acordada na COP28, em 2023.
Já no encontro do Brasil, em 2025, é esperado que os países participantes levem balanços sobre suas conquistas e falhas desde o Global Stocktake, revisão de avanços desde o Acordo de Paris, estabelecida na COP28. A partir das discussões de Dubai em 2023, os países têm dois anos para desenhar e apresentar na cúpula em Belém as linhas de ação para as décadas seguintes, que serão decisivas em relação à mitigação dos efeitos da mudança climática em curso no planeta.
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