O estado do Paraná participou nesta terça-feira, 28 de junho, da rodada de debates estaduais online, para discutir sobre a contribuição dos estados na implementação da NDC brasileira, sigla em inglês conhecida como Contribuição Nacionalmente Determinada, em que cada país tem o compromisso em apresentar as suas metas de redução de carbono em conformidade com o Acordo de Paris, os debates estaduais foram idealizados pelo Instituto Clima e Sociedade - ICS, em parceria com a Frente Parlamentar Ambientalista.
O Acordo de Paris é um compromisso internacional para combater o aquecimento global, aprovado em dezembro de 2015 durante a COP21, a Conferência das Partes das Nações Unidas (ONU), e que entrou em vigor em novembro de 2016. Ao todo é constituído por 195 países, incluindo o Brasil.
Participaram do debate no Paraná, o Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista do Paraná,Deputado estadual Goura, o Diretor de Relações Internacionais da ANAMMA Brasil,Mario Mantovani, Coordenador do GT empresas da Frente Parlamentar Ambientalista, Deputado Federal Rodrigo Agostinho, Gerente SR de economia da Biodiversidade-Fundação Grupo boticário de proteção a Natureza, André Ferreti, Coordenador de Advocacy do Centro Brasil no Clima, Victor Anequini, Secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Estado do Paraná- SEDEST, Everton Luis de Souza, Diretor- Corporativo do Complexo Pequeno Príncipe, José Álvaro da Silva Carneiro, Professor Titular da UFPR, membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas IPCC-, Carlos Roberto Sanquetta,e o Professor da Universidade Federal do Paraná- UFPR Coordenador do Nape Emergência Climática, professor Francisco Mendonça, e o Diretor de Políticas Ambientais da Sedest, Rafael Andreguetto.
O evento aconteceu em parceria com a Comissão de Ecologia, Meio Ambiente e Proteção aos Animais da Assembleia Legislativa do Paraná.
“Nossa terra está em chamas e precisamos fazer algo para mudar esta realidade”

O Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista do Paraná,Deputado estadual Goura, conduziu o debate, e apontou os desafios que o estado do Paraná enfrenta nas reduções de emissões de carbono e apresentou dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de gases do efeito estufa do Observatório do Clima e pontuou que a produção Agropecuária e dos transportes são os principais emissores do estado, correspondendo a mais de 80% das emissões.
O Deputado explica que o objetivo é conciliar as bases econômicas do estado com a sustentabilidade socioambiental. “A gente tá vendo as mudanças e emergências climáticas acontecendo agora, os refugiados climáticos e tantas coisas em um presente muito grave” reflete o Coordenador.
O Diretor de Relações Internacionais da Anamma Brasil,Mario Mantovani, destacou a importância do projeto e de fomentar as políticas ambientais nos estados.“O nosso papel como Frente Parlamentar Ambientalista em Brasília e nos estados é acompanhar para que a NDC,consiga ser levada adiante,é um compromisso para as futuras gerações”,completa.
Mario Mantovani, também falou sobre a importância em se debater sobre justiça climática e como as pessoas que são excluídas dos direitos ambientais sofrem mais os impactos.”É para isso que a gente tem esse esforço, é construção de políticas públicas, que sejam realmente inclusivas e de justiça social” pontua.
O Diretor de Políticas Ambientais da Secretaria do Desenvolvimento e do Turismo do estado do Paraná - Sedest, Rafael Andreguetto, destacou resultados de ações da sedest sobre mudanças climáticas, e mostra, que o estado do Paraná ocupa o primeiro lugar em sustentabilidade no país, com uma análise de 66 indicadores utilizado pelos líderes públicos brasileiros nas tomadas de decisão, com foco na melhoria da gestão dos estados.“Temos um pioneirismo em diversas ações e já somos reconhecidos por isso mundialmente”, disse.
Entre as ações apresentadas pelo diretor da Sedest, estão o compromisso com a Agenda 2030, a Declaração de Edimburgo e a Race To Zero.O Race to Zero é uma campanha global para reunir lideranças com objetivo de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa até 2050. A meta será alcançada por meio da intensificação de ações de descarbonização, atração de investimentos para negócios sustentáveis e para a criação dos chamados “empregos verdes”. Atualmente, 30 diferentes regiões no mundo participam da campanha. No Race to Zero, o Paraná se junta a outros estados e países, como Califórnia, Nova York, Havaí e Washington, nos Estados Unidos; Catalunha, Madrid e Navarra, na Espanha; e Suécia, Austrália, Reino Unido, Canadá, Alemanha e Bélgica.
O Coordenador do GT empresas da Frente Parlamentar Ambientalista, Deputado Federal Rodrigo Agostinho, falou que um dos caminhos para a preservação ambiental no Paraná é o reflorestamento o estado apresenta maior remanescente brasileiro da Mata Atlântica, considerando os estágios sucessionais inicial, médio e avançado com quase 6 milhões de hectares preservados.“O Paraná tem uma oportunidade muito grande de restauração florestal e pode dar uma grande contribuição para o meio ambiente”, conclui.
O Professor da Universidade Federal do Paraná- UFPR e Coordenador do Nape Emergência Climática, Francisco Mendonça, apresentou o NAPI – Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação Emergência Climática, uma criação da Fundação Araucária em apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico do Paraná. O professor explica, que a ação visa a redução de emissões com o objetivo de desenvolver estudos de tecnologia e inovação, para avaliar os impactos das mudanças climáticas no estado do Paraná, a ideia é que seja criado um inventário que deve ser lançado daqui há 4 anos, “esse inventário vai tratar do efeito estufa,proveniente de atividades industriais e agropecuárias, é um projeto de feedback, e novas possibilidades que o estado vai investir, em termos de adaptação para a questão da mitigação dos gases do efeito estufa” explica.
Victor Anequini, Coordenador de Advocacy do Centro Brasil Clima, destaca que o Brasil tem papel protagonista nas discussões ambientais a nível internacional. “O Brasil precisa retomar essa figura de um país ativo nas discussões e proposições de políticas ambientais”.
O Coordenador de Advocacy lembrou que hoje 24 estados já estão comprometidos com o clima e isso representa 89% das emissões no Brasil.”Todos os estados são responsáveis para que o Acordo de Paris possa se tornar realidade. Cada ente federativo tem sua responsabilidade e desde 2019 temos movimentos políticos com resultados já acontecendo e sendo apresentados”, afirmou.
O professor titular da UFPR, membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas(IPCC), Carlos Roberto Sanquetta, apresentou dados sobre preocupações com relação às emissões de gases no Brasil. O professor explica que o Paraná representa de 3% a 4% das emissões do país, com emissões em média de 78 milhões de toneladas por ano.” A pecuária pode contribuir efetivamente com a recuperação de áreas degradadas, ainda temos pastos degradados no Paraná com o manejo utilizáveis dos rebanhos, e também temos um potencial imenso na agroindústria", completa.
O Diretor Corporativo do Complexo Pequeno Príncipe, José Álvaro da Silva, Carneiro, acompanha esta preocupação desde 1980, é o também fundador da Associação Pró-Juréia e Fundação SOS Mata Atlântica, de acordo com o Diretor , o problema vem se agravando dia após dia e ações concretas não são desenvolvidas para a solução do problema. “É muito preocupante ver os projetos com uma enorme timidez acontecendo, enquanto o problema cresce com uma velocidade enorme, e o tempo funcionando com fermento para toda essa situação”
André Ferreti, Gerente SR de economia da Biodiversidade-Fundação grupo boticário de proteção à Natureza,finalizou destacando o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), uma iniciativa do Observatório do Clima que compreende a produção de estimativas anuais das emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil,” nenhum país do mundo tem uma ferramenta dessa com dados abertos a disposição da sua população”pontua André.
O Gerente de economia, mostrou que Brasil diminuiu as emissões desde de 2004, no entanto é possível identificar uma tendência de aumento das emissões para os próximos anos e o estado do Paraná ocupa a 11º posição na emissão de gases no Brasil, “a gente sabe que continua desmatando no Paraná, apesar de ter diminuído precisamos zerar, é preciso aumentar nossos esforços para conter o aquecimento global abaixo de 2°C, preferencialmente em 1,5°C, até o final do século e reforçar a capacidade dos países de responder ao desafio, em um contexto de desenvolvimento sustentável”.Os dados apresentados por Ferreti podem ser conferidos pelo site https://plataforma.seeg.eco.br/.
Acompanhe live completa no canal do youtube da Frente Ambientalista;
Reportagem - Larissa Nunes Jornalista da Frente Ambientalista
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